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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Retro e expectativa

Toro1

Nada de maldizer o ano que se acaba, como se nada tivesse dado certo, estivesse sem saúde, sem emprego, sem comida, sem teto e com o coração desprezado. Também, por ter esses direitos básicos e mais um pouquinho, vou louvar 2011 como um ano abençoado que me deu tudo o que preciso, embora não tenha dado tudo o que desejo.

Como todos os anos, ofereceu coisas excelentes, algumas mais ou menos e outras terríveis. E daí? Ces’t la vie e não o ano. O tempo não nos dá nada além de tempo, as demais coisas vêm por trabalho, acaso, coincidência, dádiva divina ou seja lá por que indecifrável caminho, o resto é herdado ou conseguido a fórceps.

No decorrer do ano, num país ingrato com os filhos que o constroem e administrado por mentirosos contumazes apoiados por desonestos compulsivos, o que de bom aconteceu foi por conta do esforço individual, uma vez que não temos esforço coletivo no Brasil. As associações de classe, sindicatos, federações e outros bichos que tais, são corporativistas, fisiológicos e jamais preocupados com o todo, com a melhoria de vida de todos os brasileiros. As coisas ruins, porém, são alimentadas por essas mesmas entidades que não conseguem dizer não ao governo nada popular, mas muito populista, que engana com um sorriso no rosto e os bolsos lotados.

 

Janeiro

- Dilma assume. Aos poucos tenta desligar-se da imagem de seu antecessor, mas termina dezembro sem ter, de fato, tomado as rédeas do país, sujeitando-se à malfadada base de apoio, formada por um saco de gatos e ratos.

- Em seu discurso de posse, assume uma “luta obstinada contra a pobreza” o que na prática significa “luta feroz contra a riqueza”, receita em prática em todo o mundo. Tornou-se um perigo ser rico nos dias atuais.

-Sindicância isenta Erenice 6% de culpa de tráfico de influência e enriquecimento ilícito, nepotismo e outros desvios éticos e morais.

- STF determina desarquivamento do caso Battisti, um joguinho de cena para ratificar tudo o que decidira antes e manter o assassino italiano sob a proteção do sindicato de ladrões em que se transformou o Brasil.

- Em Minas Gerais 16 pessoas morrem devido às chuvas. Esta pode não ser uma das principais notícias do ano, mas ao repetir-se, mês após mês, em vários estados, do Rio Grande do Sul a Pernambuco, passando por Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo, e por ser manchete recorrente ano após ano, fica patente que nada é feito para minimizar os danos das chuvas e evitar mortes. Centenas de brasileiros poderiam ter suas vidas mantidas e suas famílias seriam poupadas das dores se obras e fiscalização para evitar construções em áreas de risco fossem praticadas.

- Falhas no Sisu, Sistema de Seleção Unificada, do MEC, derruba o presidente do Inep. Mesmo erros ocorrendo ano após ano nas avaliações nacionais do MEC, Haddad, o incompetente e despreparado, continua intocável. Dá a presidência do Inep para uma pedagoga companheiríssima, vermelha até a medula.

 

Fevereiro

- Detectadas falhas, ou seja, fraudes, no seguro desemprego, o que leva a serem divulgadas novas regras em dezembro. Por outro lado, por não haver fiscalização eficiente e moralizada no programa de compra de votos, as safadezas na Bolsa Família continuam diante das vistas cegas do governo.

- O Ministério Público-RJ não abriu denúncia contra o ex-chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, que teria passado informações das operações policiais traficantes. Esta é mais uma demonstração que o estado do Rio de Janeiro está moralmente falido. Seguindo a receita do govewrno federal, Cabral faz joguinhos de cena, medidas populistas, prende quem mija em postes e faz disso propaganda oficial, ao mesmo tempo em que aplica a política de “espalha bandido”. São poucos os presos, um ou outro chefão para engrossar a publicidade, mas a máquina criminosa não é desmantelada, apenas muda de lugar e é exportada para outros estados, num irresponsável jogo de empurrar com a barriga.

- MP-MG abre ação contra o senador Clésio Andrade, do PR, por “irregularidades” no uso de R$ 60 milhões da Confederação Nacional dos Transportes. É apenas a ponta do iceberg podre que se esconde atrás da estrutura viciada dos transportes.

- A pseudo-oposição impetra ação no STF, a cara petista da Justiça, contra a decisão da presidente de reajustar salário mínimo por decreto. Filminho para inglês ver.

 

Março

- É divulgado vídeo em que a toda inocente deputada Jaqueline Roriz recebia dinheiro do todo justiceiro Durval Barbosa para seu caixa 2. Seus pares parlamentares, que sabem tudo de imoralidade e caixa 2 a inocentaram em votação no segundo semestre das acusações de falta de decoro parlamentar. Não por ter sido falta de decoro, mas por ela ainda não ser parlamentar na época das gravações. Inventaram o foro privilegiado para pré-parlamentares.

- Ocorre a tsunami no hoje quase totalmente reconstruído Japão, ao contrário do que ocorre nos flagelos anuais brasileiros. Nossa falta de vergonha é tão grande que o ministro Mercadante, no início do verão, ao invés de tranqüilizar as populações na áreas de risco de enchentes e desmoronamento aplicando verbas na prevenção dos males, afirma aos jornais que mais brasileiros morrerão com as próximas chuvas e isso é inevitável.

- Kassab cria o PK, partido do Kassab, também conhecido como PSD, muito longe de ser o moralista PDS dos bons tempos.

- O STF, numa demonstração que o desejo popular foi feito para ser desprezado, enterra a Lei dos Fichas Limpas. Para arrematar, em dezembro empossa Jáder Barbalho, o mesmo calhorda que há dez anos pediu renúncia ao ser cargo de parlamentar para não ter seus direitos políticos cassados.

- Morre o herói de barro José Alencar, ex-vice presidente. O dono das províncias de Maranhão e Amapá, não.

 

Abril

- Vítimas das enchentes no início do ano, no Rio, voltam para suas casas interditadas, esquecidas pelo estado.

- Maluco mata 11 crianças em escola no Rio. A escola tinha câmeras de segurança, mas não tinha qualquer segurança.

- Dilma vai à China vender minério de ferro e importar bugingangas.

- Marinha francesa, dois anos depois do acidente do avião da Air France, começa a resgatar corpos que o ex-presidente, numa de suas corriqueiras bravatas, disse que resgataria com facilidade, uma vez que conseguimos retirar petróleo de 7 mil metros de profundidade. Com sua insesibilidade, usa pessoas mortas como propaganda para o ainda inexplorado pré-sal, de olho na capitalização do saco sem fundo em que se transformou a Petrobras.

- Raul Castro propôs a limitação de mandatos em dois períodos de 5 anos. Isso não é nenhuma bondade democrática, apenas permitindo-se a vitaliciedade. Ah, os vermelhinhos e suas promessas popularescas.

- É anunciada uma rede, bancada pelo Banco do Brasil, para recolhimento de armas. Oito meses depois, mais de 35 mil armas são retiradas das mãos de cidadãos comuns, os assassinatos, porém, multiplicam-se e ninguém se dá ao trabalho de analisar esses dados. Civis desarmados são presas fáceis para bandidos.

- Rui Falcão é eleito presidente do PT. Se bem que eleição no PT é como eleição na União Soviética, em Cuba ou no Irã. Os caciques indicam um nome e o rebutalho vota sem oposição.

 

Maio

- Morre Bin Laden árabe, mas não o Bin Laden maranhense.

- Alagoas e Pernambuco têm mais de 100 mil desabrigados pelas chuvas.

- STF reconhece união estável entre homossexuais.

- Como um ENEM só já está dando dinheiro para gráficas particulares, Correios, Inep e sabe-se lá a quanto mais gente, o MEC anuncia que em 2012 serão dois exames.

- Anunciada a estratosférica multiplicação por 20 da fortuna de Palocci em apenas 4 anos. Só loteria para pagar prêmios tão bons.

- Honda demite 400 em São Paulo e reduz produção em 50%. No rastro, Grendene fecha fábrica no Rio Grande do Sul e a transfere para a China – efeito da viagem da presidente àquele país? – e Azaleia começa o processo de transferência de sua fábrica baiana também para a Ásia. E a patuléia continua cantando o crescimento nacional.

- Dilma suspende, mas não proíbe, a distribuição do kit-gay nas escolas. Os milhões gastos em sua elaboração multiplicar-se-ão em sua reformulação.

- Saboreando sua onipotência, Sarney tenta reescrever a história e tira da galeria de fatos históricos do Senado o impeachment de Collor, a quem defende como seu sucessor como presidente do Senado. A presidência é pouco para este senhor, de agora em diante, ou a divindade ou nada.

 

Junho

- Dilma anuncia pacote de R$ 700 milhões para região serrana fluminense, assolada pelas chuvas no início do ano. Este dinheiro é importante? Sim, claro, mas é paliativo em sua maior parte. É dinheiro para cobrir a cabeça, descobrindo os pés. Dom Pedro II já sabia o que deveria ser feito em relação à urbanização daquela área, mas parece que nossos engenheiros e modernos não estudaram a respeito, sem falar nos gestores públicos que não têm a mínima idéia de como gerenciar o problema.

- Bombeiros invadem quartel no Rio reivindicando melhorias salariais e de trabalho. São ignorados em seus pedidos e ofendidos verbalmente pelo governador, que deveria ser mediador e não agressor.

- Antecipando-se a Lupi, El Loco Chávez diz que Dilma roubou seu coração. Será que o coração do ditador estava no cofre do Adhemar?

- Palocci, 32 dias depois do anúncio de seu inexplicável enriquecimento, pede afastamento do ministério. Se dependesse de sua chefe, jamais sairia.

- Gleisi Hoffman, num inédito caso de nepotismo descarado, assume a Casa Civil, enquanto o marido mantém-se na pasta das Comunicações. E ninguém fala nada e todos fingem que não percebem.

- STF, como era de se esperar, mantém a decisão de Lula sobre Battisti, recusando recurso do governo italiano.

- STF libera manifestações pela legalização das drogas. Poderia aproveitar o momento e lançar a campanha: Diga sim às drogas, adote um ministro do Supremo.

 

Julho

- Morre Itamar. Sarney pega na alça do caixão, mas sem a menor intenção de entrar nele.

- Cai Alfredo Nascimento, ministro dos Transportes de malas pretas.

- Kassab dá incentivo fiscal para construção do estádio do Corinthians. Cidadãos de todas as torcidas bancam estádio de um clube só e todos aceitam caladinhos. País de lebres e ratos.

- Ocorre o massacre na Noruega. Para nossa infelicidade, Sarney é velho demais para fazer parte do encontro de jovens do partido político atacado pelo maluco.

- Morre Amy Winehouse, mas não El Bigodón.

- Cai Pagot, do Denit. Não é ministro, mas merece entrar nas lista.

 

Agosto

- Prefeito de Teresópolis, do PT, é claro, é afastado depois que um cidadão comum fez denúncias de desvio de verbas destinada a flagelados das chuvas. Cada cidade brasileira precisa de, pelo menos, uns três cidadãos como este.

- Jobim, da Defesa, cai em desgraça depois de falar verdades sobre seus companheiros de ministério e assumir que votou em Serra. Nunca a revista Piauí vendeu tanto. Logo depois recebe o pedido de sua chefe para que peça demissão. Ela não demite ninguém.

- O megalômano Celso Amorim assume a Defesa. Espero a declaração de guerra aos Estados Unidos a qualquer momento, desde então.

- Secretário executivo do Ministério do Turismo é preso por desvio de verbas. Pergunte aí se continua preso ou se devolveu o dinheiro desviado.

- Wagner Rossi, ministro da Agricultura, pede demissão depois de denúncias de roubos no ministério. Agora, pergunte aí se foi preso ou se devolveu o dinheiro desviado.

- Jaqueline Roriz é inocentada por seus pares, não apenas de legislatura, mas também de caixa 2.

 

Setembro

- Estudantes se mobilizam no Piauí durante cinco dias e impedem aumento nas passagens de ônibus. É lógico que a grande mídia não noticiou. Vai que a doença prolifera e os cidadãos de todos os estados resolvem se rebelar contra os abusos.

- No desfile de 7 de setembro, dezenas de milhares protestam em Brasília, São Paulo, Salvador, Fortaleza e várias outras capitais contra a corrupção e pela moralidade no trato da coisa pública. Houve algum efeito prático? Não, fomos todos solenemente ignorados pelas autoridades. Colocamos o rabinho entre as pernas e voltamos à nossa ignóbil posição de palhaços pagadores de impostos.

- Somente 13 (definitivamente o número do azar) escolas públicas colocam-se entre as 100 melhores na avaliação do ENEM. Isso comprova que não bastam cotas para negros, pobres e oriundos de escolas públicas para que ascendam socialmente, é preciso, antes de qualquer coisa, reformar toda a educação pública nacional. Mas isso dá um trabalho, né, Haddad? Né, pedagogos e “educadores” de esquerda? Né, politicamente corretos e erroneamente viventes?

- Cai Pedro Novais, o ministro-Viagra do Turismo.

- Morreu Cleto Falcão, o segundo-homem do caixa 2 de Collor. Mas o onipotente Sarney, senhor todo poderoso de todas as caixas e cofres, continua faturando.

- A ministra baranga tenta suspender comercial com Gisele Bündchen. A arrogância esquerdista não tem desconfiômetro e continua tentando, passo a passo, calar as vozes discordantes. Por sorte, muita sorte, ainda temos algumas vozes resistentes.

- STF faz Maluf, o intocável, réu por “suposta” lavagem de dinheiro. Se este senhor tivesse sido condenado e punido em unzinho que fosse dos seus milhares de processos, talvez diminuísse um micronésio nossa sensação de que completa impunidade aos safados federais e seus coligados.

 

Outubro

- Morreu Steve Jobs, um dos poucos homens na história da humanidade que mudaram os rumos do mundo.

- Mais uma ratada do ENEM e o inabalável Haddad. Questões da prova haviam sido mostradas a professores um ano antes e, óbvio, num país de desonestos, as questões vazaram. Lógico que MEC e seu braço Inep culparam as escolas e professores pelo vazamento, quase ninguém contestou, porém, a obrigatoriedade do ineditismo das questões.

- Cai Orlando Tapioca Silva, ministro dos Esportes, depois de muitas falhas administrativas e milhares de contratos duvidosos, inclusive com ONG de sua própria esposa.

- Maconheiros invadem prédio da USP. A desculpa é a truculência da PM, mas o fato que é apadrinhamento pelo DCE, UNE e sindicato dos servidores da universidade aos três maconheiros fantasiados de estudantes flagrados pela polícia com drogas dentro do campus.

- Divulgado o câncer eleitoreiro do ex-presidente.

 

Novembro

- Mais de 60 maconheiros e estudantes profissionais são detidos na reintegração de posse do prédio da USP. Em dezembro, cinco deles são expulsos. De vez em quando a gente vê autoridade com coragem de enfrentar bandidinhos privilegiados sem medo de fazer as leis serem cumpridas.

- Anunciada a candidatura de Haddad à prefeitura de Sampaulo. O segundo poste seguido que o ex-presidente, o inominável, tenta eleger. Neste caso há uma atenuante: os demais candidatos. Se ganhar Haddad, Serra (o menos mal), Russomano, Netinho de Paula, Chalita (que eu aposto que abrirá mão da candidatura para apoiar Haddad às custas de alguns trocados, a vice-prefeitura ou cargos) ou seja lá quem for, a cidade estará muito mal de administrador.

- Justiça bloqueia bens de Kassab. Coincidência isso ocorrer logo após o lançamento da candidatura de Haddad? Coincidência Kassab abrir-se para apoiar Haddad, pouco depois, em dezembro? Coincidência os bens do prefeito serem desbloqueados e o caso da ispeção veicular sair das manchetes dos jornais?

 

Dezembro

- Governo resolve prorrogar por mais 12 meses a mentira do desarmamento como remédio para acabar com os assassinatos. Que pedreiro entregaria sua pá ou carpinteiro entregaria seu serrote, sua ferramenta de trabalho, para o governo? Como esperar, então, que bandidos entreguem, por R$ 100,00 sua arma que pode render-lhe mais do que isso diariamente? Sem falar que o número de mortes por armas de fogo cresceram em razão inversa ao número de armas entregues.

- O ministro Pimentel, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, vem para a berlinda. Seguindo os passos de Palocci, multiplica sua fortuna por meio de consultorias, que também pode ser lido tráfico de influência e informações privilegiadas. Ao contrário de Palocci, que fazia parte da cota do inominável ex-presidente, Pimentel é amiguinho de longa data da atual. Panfletaram juntos, assaltaram juntos, treinaram com armas juntos. Este não cairá na prometida reforma do ministério que deverá ocorrer em janeiro/fevereiro.

- Parlamentares, como em todo dezembro, preparam reajuste de salário acima da inflação. Privilégio de poucos, aqueles pouquíssimos que têm as chaves do cofre.

- Estudo europeu mostra que Brasil é sexta maior economia do mundo. Oh, que legal!, diz meu ufanismo. E daí?, pergunta meu duro realismo. A diminuição da pobreza dá-se por conta de maquiagens e empobrecimento da classe média; a indústria desacelera; os impostos alcançaram a mesma marca de arrecadação do ano passado em outubro, o que projeta uma carga tributária 30% maior do que a do último exercício fiscal; continuamos exportando matéria prima, ou commodities segundo o linguajar moderno, e importando produtos manufaturados; os juros da dívida interna estão assustadoramente altos, mais altos do que os que pagávamos ao vilão FMI de quem a esquerda propagandeia feliz que nos salvou de suas presas em nossa jugular... Sem falar que é fácil bater em cachorro morto. Em dezembro de 2010 as estimativas do governo era que o Brasil cresceria 4,5% (basta procurar os jornais da época para confirmar) e crescemos apenas 2,8%, o que não é crescimento real, apenas crescimento vegetativo. O falso crescimento que mantém o mesmo patamar do ano anterior. Já a Europa não cresceu. Estagnou ou regrediu, ou seja, não crescemos, os países que se colocavam à nossa frente é que regrediram. Podemos dizer que entre os ruins somos os melhores. Agora a projeção de crescimento para 2012 é de 3,4%, ou seja, mantida a proporção, cresceremos 2,11%. Em dezembro de 2012 lhes direi quem está certo, o governo ou eu.

- Anunciado o câncer de tireóide de Cristina Kirchner, causando um alerta ao governantes sulamericanos: participar do Foro de São Paulo e presidir ditaduras em banho-maria, causa câncer. Depois de Lugo, Chávez, Castro, Dilma e o inominável, agora La Kirchner.

 

Quanto às expectativas para 2012, não se assustem, mas não as tenho. Há muitos anos deixei de criar expectativas, desde que descobri que a desilusão só acontece quando se há uma ilusão anterior, a decepção só ocorre quando há confiança prévia. Vivendo no país em que vivemos, sob a direção dos homens e mulheres que nos governam, é suicídio confiar, ter esperança e ilusões.

Nos resta a força dos braços e das palavras para continuarmos trabalhando dia-a-dia, sol a sol, e a palavra para continuarmos nos opondo àquilo que julgamos injusto e danoso para o país e seus concidadãos.

Desejo porém, tenho. Que o Brasil continue igualzinho a 2011. Paradoxo depois de tudo o que foi escrito aí em cima? Não, medo. Como o país só vem piorando em sua moralidade, ética, transparência, democracia e honestidade, ano após ano, se em 2012 nos mantivermos na lama em que nos encontramos já será um ganho. Ou isso ou continuaremos piorando.

 

Excelente 2012 a todos!

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

E-mail aos juízes

juiz de toga

O e-mail abaixo enviei para o STF, para os juízes do STJ e para os conselheiros do CNJ. Por não conseguir os e-mail dos juízes do STF e do Conselho da Justiça Federal, enviei para o próprio site, o que dificilmente permitirá que chegue às mãos dos juízes, mas, como somos vigiados 25 horas por dia, imagino que chegará aos seus ouvidos.

 

Excelentíssimos senhores juízes,

O que está acontecendo com a tão propagada democracia representativa de que fala nossa Constituição Federal se os concidadãos brasileiros não se vêem representados?

O que se passa com a independência dos Poderes da República se o que vemos diariamente nos jornais é a política do “tome-lá-dá-cá” que nos identifica como país? Se o Executivo legisla por decretos, o Judiciário legisla por portarias e outros expedientes e o Legislativo finge que legisla, dando-se apenas ao trabalho do joguinho de cena para aprovar o que for de interesse do partido que manda e desmanda e seus partidos satélites, verdadeiras máquinas de fazer dinheiro e fortuna de seus líderes?

Não tenho procuração de falar em nome de todos os brasileiros – quem tem essa procuração são vossas excelências e as demais autoridades dos outros dois Poderes - , mas, como um deles, posso dizer-lhes que me sinto ofendido com a vigilância que sofro dos órgãos oficiais a cada passo que dou enquanto vejo as autoridades nadarem de braçada no oceano sem fim de lama que nos afoga.

O Estado invade minha casa me proibindo de dar palmadas em meus filhos, mesmo já existindo ampla legislação sobre maus tratos, abandono e sevícias contra as crianças; tenta proibir meu desejo de fumante, mas tenta legalizar o uso de psicotrópicos; ameaça me processar de homofobia, mas tenta permitir a pedofilia como livre escolha do cidadão (não seria a agressão sexual crime muito mais odioso e imperdoável contra a criança do que uma palmada educativa dos pais?). Enfim, o Estado diz-me e exige que me porte segundo os desejos dos ocupantes ocasionais da cadeiras de comando, mas não faz seu dever de casa no tocante a moral, ética, lisura, probidade, respeito ao bem público e o bem estar comum.

Cansamo-nos, excelências, de ver a morosidade da Justiça, as ilegalidades do Executivo e os privilégios legais de legisladores e criminosos comuns enquanto ficamos trancafiados e vigiados todo o tempo pelos olhos grandes do Big Brother Estado sem ver a mesma vigilância e fiscalização, muito menos qualquer punição efetiva, dura e merecida daqueles que nos furtam diariamente.

Cansamo-nos de ver a Carta Magna da nação ser vilipendiada cada vez que os interesses pessoais, partidários e fisiológicos de nossos mandatários colocam-se acima dos interesses saudáveis da sociedade. Doi-nos ver a imprensa fazendo o papel de polícia que o Estado não faz, o papel de fiscal que os organismos de fiscalização legais não fazem, e a Justiça não ser feita enquanto finge que funciona levando marginais togados ou de terno e gravata saírem impunes porque seus crimes caducaram. Envergonha-nos ver os “malandros federais”, como cantou o poeta, ao serem flagrados, punidos com a devolução do que desviaram do erário e não cumprirem a pena, parecendo a Justiça com o pai que ao flagrar o filho cometendo uma falta grave, e agora impedido de repreendê-lo com uma palmada, chama-o ao canto e resume-se ao pequeno sermão “menino feio, não faça mais isso”. Ora, excelências, com falta menos graves do que desviar milhões dos cofres públicos, qualquer cidadão estão sujeito à execração pública enquanto que os maiores ladrões do país desfilam em carros oficiais, moram em valiosíssimos imóveis bancados pelo público, deslocam-se em caronas de aviões de amigos que cobraram o favor com benesses às custas do erário, ganham vencimentos declarados muito acima de média do brasileiro comum – termo que expressa bem a atual realidade de separar os cidadãos brasileiros em castas, sendo vossas excelências componentes da mais alta e intocável casta, inimputáveis, isentos de prestação de contas de seus atos, irrepreensíveis em sua onipotência.

E por que não nos rebelamos, poderiam vossas excelências perguntar? A resposta não é agradável: porque temos medo!

Temos sido tratados como incompetentes que precisam de tutela, em contrapartida, não podemos nos rebelar e a punição normalmente não vem seguindo as leis, mas nas ameaças privadas, nas covardes perseguições diárias, no linchamento de nossa moral, nos cancelamentos de contratos, na extorsão por taxas e impostos e, não raro Brasil a dentro, pelo cano das armas de pistoleiros.

Temos medo como o tem os moradores de países sob ditadura. Não espero condescendência e nem crédulo de sua parte, visto que vossas excelências, em sua quase totalidade, ocupam a toga que vestem por indicação de seus amigos políticos, independentemente de seu vasto conhecimento das questões jurídicas, salvo esta ou aquela exceção, mas todos devedores de favores aos chefes do Executivo e seus correligionários legisladores. A velha e constitucional política do “tome-lá-dá-cá”. Voltando às ditaduras, todos fingem não ver que a nossa vem-se instalando paulatinamente, relegando os cidadãos à condição de pagadores de impostos ou beneficiários das bolsas sociais, com amplo direito a voto e nenhum direito a voz, este privilégio só é dado aos seus pseudorrepresentantes.

Assim fenece nossa democracia representativa, com a eleição direta ou indireta, como o caso de vossas excelências, escolhidos a dedo pelo corporativismo e fisiologismo de nossos presidentes e a covardia de nossos parlamentares. Nós, os pagadores de impostos anônimos, temos que prestar conta de nossos atos, do salário que recebemos à palmada que damos em nossos filhos, enquanto nossos “representantes” podem esconder-se atrás das inexpugnáveis caixas pretas de suas funções, como o Poder Judiciário, mais secretos que os cultos maçônicos, mais desconhecidos do que a fórmula da Coca-Cola, mais misteriosos do que as profecias de Nostradamus.

Desculpem, excelências, pela indiscrição deste servo do feudo Brasil em que a aristocracia intocável e os togados divinos não podem ter máculas em suas vestes, não podem ter seus atos e decisões discutidos, sua lisura suspeita, sua grandeza duvidada, mas como um cidadão solitário nesse deserto da ignorância cansou-se do silencio, mesmos sabendo que meus gritos continuaram sem eco diante de seus ouvidos moucos, que meus questionamentos continuarão sem resposta, como sempre ficam minhas mensagens dirigidas às autoridades.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Constituinte, a nova arma vermelha

PT 13

Os cardeais petistas têm uma característica comum – o que leva qualquer detetivezinho formado por correspondência a desconfiar de que está decidido entre quatro paredes – que seria louvável se suas intenções fossem nobres: a persistência.

Por vinte e poucos anos repetiu, repetiu, repetiu, até que a maioria dos eleitores acreditaram que esses cardeais regiam o único partido honesto, democrático e defensor dos interesses populares. Os mais desconfiados, os mais conhecedores da história e das mentiras da esquerda e os que conheciam o mínimo da biografia desses messias de intenções duvidosas tiveram que dar um suspiro fundo, capitular (como muitos fizeram) e voltar à batalha contra a corja vermelha.

Eleitos em 2002, tinham câmeras, microfones, jornais, sites, revistas, as chaves do cofre da viúva e um exército de sectários para espalharem suas mentiras fantasiadas de tábua de salvação do país e da humanidade. Nesse exército, agora cibernético, os militantes de camisa vermelha ou batas indianas, botons no peito, barba ao estilo velho Lula e os novos petistas, terninho Armani, barbinhas bem desenhadas por barbeiros (qual o correspondente a barbeiro de homens ricos ou candidatos a?) e salários superiores aos de generais, como o Luís Nassiff e Panúnzio. Tá, Luís Favre e PHA não têm barba, só os salários injustificáveis, mas os cardeais também vêm diminuindo as barbas paulatinamente para cavanhaque, como mostra o Berzoini, bigode à moda Mercadante ou Grenhalgh ou cara lisa, mostrando a cara de pau.

Insistem, há nove anos, na necessidade de “regular” a imprensa, que na língua de absolutistas de qualquer planeta significa “censurar”. Viram suas intenções derrotadas por, pelo menos, quatro vezes nesse período, mas não desistem. Os caras são teimosos. Podem esperar mais vinte e poucos anos para conseguirem e enquanto o dia não chegam, insistem na mentira, martelando dia a dia na cabeça do iletrado eleitos até que este chegue à conclusão de que a censura é deveras necessária e essencial para a democracia.

A bem da verdade, impossível elencar todas as mentiras insistentemente repetidas pela gangue vermelha, mas no momento chama a atenção a volta da proposta de uma Assembléia Nacional Constituinte. A simples idéia neste momento é assustadora.

Em seus 122 anos de República, o Brasil nunca teve uma Constituição tão esquerdista, mesmo assim o PT recusou-se a assiná-la, lembram-se? A atual Carta Magna é direitista ou conservadora demais para ele?

Não é a primeira vez que o assunto vem à pauta só que agora ocorre num momento perigoso. Os caras estão mandando e desmandando no país, o Executivo legisla mesmo contrariando plebiscitos, como no caso do desarmamento, proposta recusada por mais de 60% do eleitorado. O Judiciário legisla, como no caso da lei dos Fichas Limpas. O Legislativo finge que legisla e apenas diz amém para as ordens vindas do Palácio do Planalto. Eles podem fazer isso, afinal de contas têm maioria no parlamento federal, na maioria absoluta das assembléias estaduais e, de quebra, nas câmaras de vereadores Brasil a dentro. A imprensa não faz notícias, repete os releases enviados pelas assessorias de imprensa dos políticos. O eleitorado não pesquisa, não estuda, evita pensar, essa coisa trabalhosa que deve se restringir a intelectuais e mandatários políticos.

Uma Constituinte neste momento seria a derrocada irreversível da direita, já tão combalida, quase extinta, do bom senso, artigo em falta, da visão de crescimento mesmo que tenhamos empacado em 2,8% em 2011, do capitalismo que constrói infraestrutura, gera emprego, produz alimentos, aumenta a renda real a duras penas.

Ver Marco Maia aparecer nos jornais defendendo a proposta é sinal de alerta. O rebutalho de barbas rotas, língua presa, cérebro de papagaio e batas indianas vai começar a espalhar a urgência de uma constituinte, tendo o respaldo dos “intelectuais” assalariados – Nassiff, Favre, PHA e Panúnzio – como o recurso final para acabar com a pobreza e a miséria. De quebra, não haverá impedimento para se colocar a censura como uma pressogativa legal do governo central, como gostam de chamar o governo federal os comunistas herdeiros de Stálin.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Preguiça e o vício da esmola

preguiça

Cumprindo a promessa feita à @opcao_zili de escrever um texto sobre “o povo”:

 

Sempre tem alguém vendendo terreno na Lua e alguém querendo dar-se bem e compra. O conto do vigário, o golpe do prêmio de um milhão, o golpe do celular, o joguinho da concha, o golpe da loteria premiada contam com dois fatores latentes na personalidade do brasileiro médio: a vontade de dar-se bem com o mínimo de esforço, pouco preocupando-se se alguém será lesado; a ambição. Meu pai costumava definir assim, na sua simplicidade de caboclo interiorano esta lei da oferta e procura: “se aparece um esperto pra vender bosta em pó, sempre aparecerá um otário para comprar”.

Tratar o subjetivo “povo” como coitadinho é alimentar essa prática idiota. Na condição de povo nesses tempos politicamente corretos, ficamos cheios de dedos para lhe imputar responsabilidades que são suas. Não bastasse a Constituição Cidadã, que encheu os cidadãos de direitos sem cobrar deveres na mesma proporção, ainda caímos na besteira de eleger governo após governo, mormente nos últimos oito anos, que nos tratam como incompetentes que precisam da tutela estatal para tomarmos as mais corriqueiras decisões sobre nossas vidas.

O prefeito de São Paulo não promulgou a lei que estabelecia o “dia do orgulho hétero” por considerá-lo inconstitucional, no que concordo plenamente, mas não teve coragem de opor-se ao dia do direito homo. Com medo de perder votos, nenhuma autoridade entrou na justiça contra o sistema de cotas em concursos públicos, inconstitucional do mesmo jeito, uma vez que considera alguns cidadãos diferentes de outros e, por isso mesmo, privilegiados. Já não bastam Lula e Sarney considerarem seus cúmplices flagrados com a mão na botija considerarem esses bandidos seres acima dos demais humanos? O Congresso, formado por uma maioria incompetente que não sabe a diferença entre legislador e Deus, não ousa opor-se a bolsa presidiário que paga valores mais altos a bandidos condenados do que a engenheiros desempregados que recorrem ao seguro desemprego.

Não são raros os casos de candidatos a vereadores que prometem absurdos, como pena de morte ou limite de juros anuais em suas campanhas eleitorais e são eleitos por analfabetos jurídicos que esquecem em quem votaram, não lembram das promessas feitas e furtam-se de cobrar dos eleitos aquilo que prometeram.

Em defesa da bolsa presidiário recebi de um tuiteiro a justificativa: se não sustentarmos os filhos dos presidiários, estaremos condenando-os às mesmas condições marginais do seu pai. E por que a responsabilidade seria nossa, da totalidade da sociedade? Todos nós conhecemos alguém que morava em condições subumanas, analfabetos, mas trabalhadores que não passaram a vida lamentando-se das agruras que a vida lhes reservou, arregaçaram as mangas, foram à escola e conquistaram condições de vida dignas pelo esforço pessoal. Já não bastam nossas próprias dificuldades em pagarmos nossas contas, sustentarmos nossas famílias, lutarmos diariamente pela nossa ascensão social para termos que abrir mãos de nossas suadas conquistas para dividirmos com os parasitas que adoram comprar terrenos na Lua, votar em messias sazonais e viverem escorados à espera que a vaca caia do céu?

Pagamos altos impostos para que o Estado dê a eles, e a nós todos, educação, saúde, moradia, transporte, saneamento básico, termos que pagar-lhes um salário além de todos nossos impostos e taxas é viciar o cidadão com esmolas, como já cantou Gonzagão há mais de trinta anos.

O povo merece respeito, não esmolas. Se a voz do povo é a voz de Deus, Deus tem falado muita besteira ultimamente e acreditado em políticos que se acham superiores a Ele, porque assim faz o povo que, cansado de rezar, prefere votar em seus algozes fantasiados de salvadores da pátria.

E já que estamos falando em Deus, não basta dizermos que acreditamos na Bíblia sem lê-la. Lá está escrito “faça sua parte e Eu te ajudarei”. Mas a um povo viciado em nada fazer e receber de graça as esmolas eleitoreiras que seus eleitos deixam cair da mesa do banquete, preferem nada fazer e esperar que a vaca, com o ubre cheio de leite quentinho, sem dar-se ao trabalho de aprender que vacas não voam.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Cada macaco no seu galho

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Há um ano eu recebia como hóspedes um músico holandês, em sua primeira viagem ao Brasil, e sua namorada, atriz e dançarina brasileira, formada na PUC-SP, que estava concluindo seu mestrado em Amsterdã.

Por serem jovens artistas, era de se esperar que tivessem idéias socialistas – a propósito, os neo-socialistas rejeitam o termo, preferem autodenominar-se “progressistas”, dando a entender que o progresso é sinônimo de melhorias, quando seus antecessores, nos anos 60 a 80 do século passado, talvez para justificar o atraso tecnológico e social por que passavam os países por trás da cortina de ferro, condenavam o progresso ocidental como fator de destruição do mundo. Esse vício foi mantido nas gerações seguintes que condenam a grande produção de alimentos e de energia, preferindo condenar eternamente os países pobres e famintos à fome e à exclusão tecnológica.

Em nosso primeiro almoço, caí na besteira de criticar a intenção do MEC em censurar os livros de Monteiro Lobato e o juiz do interior paulista que havia proibido nas escolas livros clássicos da literatura brasileira, de José de Alencar a Clarice Lispector. A jovem bailarina sequer deixou eu concluir, partiu com fúria vermelha sobre minha argumentação. Recolhi-me à minha insignificância conservadora, debaixo do meu próprio teto e nunca mais troquei com ela conversa senão sobre temas banais. Fiz valer o conselho de Chesterton: “Jamais discuta com um louco, ele sempre tem razão”.

Com meu inglês incompreensível me permiti discutir cultura brasileira, música, impressões sobre o mundo. Como diz um sábio amigo, não conheço ninguém que tenha feito amizade ao redor de xícaras de café, ainda mais quando o interlocutor é holandês. Quando o papo ficava mal parado, abríamos uma cerveja, colocávamos um CD na vitrola e a conversa voltava a animar.

Apresentei a ele o chorinho, a viola mineira, o samba de coco, Elomar, Zeca Baleiro e mais boa parte dos meus preferidos. Sendo eu um papeador de um tema só, a política tinha que voltar à tona.

O rapaz me dizia que não acreditava nas fronteira políticas entre países, que pregava um mundo de fronteiras livres. Em contrapartida, coloquei-lhe um pulga do tamanho de uma capivara atrás das orelhas: Você nasceu na Holanda, estudou, seus pais pagaram taxas e impostos para que você tivesse boa educação, saúde, moradia, transporte, direito a seguro desemprego se viesse a precisar, universidade. Você tornou-se adulto e profissional e passou a pagar suas próprias contribuições ao fisco. De repente seu país é invadido por horda de estrangeiros, africanos e sulamericanos sem qualificação profissional, muitos deles ilegais segundo a legislação européia e a holandesa, em particular. Alguns criminosos e outros tantos apenas de olho no consumo inimputável de marijuana. Você acha justo que eles tenham todos os direitos civis e sociais que você conquistou pelo esforço e pelo dinheiro dos impostos? É justo que usufruam da estrutura que seu país construiu pela força, suor, engenhosidade e dinheiro de centenas de anos sem jamais terem colocado um paralelepípedo nos calçamentos de ruas? Da minha parte, eu não gostaria de ver imigrantes bolivianos, peruanos, moçambicanos terem os mesmos direitos que eu aqui no Brasil.

Passou-se um ano. Hoje a Dona Chica, minha mui digna e amada esposa, retribui a visita do casal e é hóspede dele em Bruxelas, onde a bailarina faz doutorado.

Steven, nosso amigo holandês, não perde a oportunidade de criticar os belgas. No melhor bairrismo que nós tão bem conhecemos, não furta-se em decretar que tudo na Holanda é melhor do que na Bélgica: a comida, o atendimento ao cliente, o sistema de transporte, a higiene, a hospitalidade, a economia, a educação e até a música.

Sabendo da conversa que eu ele tivemos sobre as fronteiras livres diante de sua crítica aos costumes, à falta de educação e à marra dos africanos que infestam as ruas de Bruxelas, Dona Chica não perdeu a oportunidade de perguntar se ele ainda defendia o multiculturalismo e as fronteiras livres. Ficou surpresa com a resposta. Ele admitiu que, por mais que queira ser socialista, a realidade tem-lhe mostrado que esse discurso é uma roubada, que antes de abrir suas portas para os invasores não tão pacíficos, deveria investir na melhoria dos países pobres para manter neles sua população e seus costumes. Que o governo belga está oferecendo mil euros para cada imigrante que quiser voltar ao seu país. Que o Brasil tinha mais é que construir Belo Monte para incentivar sua própria industrialização e a melhoria dos índices de emprego e renda do Alto Xingu.

Agora foi ele quem arrumou a briga com a namorada, uma imigrante brasileira que gostaria de ter os benefícios que os belgas têm na mesma proporção.

Ao ver um socialista tomar um choque de realidade e admitir que estava errado me faz voltar a ter esperança na humanidade.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Eles

culpa-dele

O texto abaixo foi escrito e postado em junho de 2007 no meu blog misteriosamente colocado fora de combate. Hoje, ao pedir sugestão sobre tema para um texto, a tuiteira amiga @opcao_zili sugeriu que escrevesse sobre as más escolhas dos eleitores. Meu propósito era escrever algo original, mas este texto não me saía da cabeça, por isso preferi repostá-lo. Me desculpe, amiga.

Virá outro com um enfoque mais acusatório do que este benevolente com “o povo.

Quando um político é eleito, é eleito por todos os eleitores. O prefeito não regerá apenas a cidade daqueles que votaram nele, assim como o governador não governa apenas para seus correligionários ou o presidente é presidente apenas de seus simpatizantes. Cada um deles é responsável pela comunidade.

Historicamente, por conta do cidadão ser obrigado a ficar distante das rodas de decisão política com períodos de censura, ditadura, voto limitado aos ricos, ou apenas aos homens e aos alfabetizados, criou-se o hábito de alijar o homem do povo das decisões e resoluções. Nos cabia apenas esperar que definissem as políticas a serem executadas, baixarmos a cabeça e acatarmos.

No subconsciente coletivo isso não mudou. Criaram em nós o hábito de esperarmos que decidam por nós, que os governos façam nós aceitemos, gostando ou não. Para nós, o governo não é nosso, é “deles”, mesmo sem saber exatamente quem são “eles”.

Outro hábito de nós, brasileiros, é o de torcida. Torcemos por qualquer coisa. Talvez por ter sido esse o papel que nos deram na história. “Eles” faziam e nós torcíamos para que desse certo ou errado. Assim foi, por exemplo, com a campanha de vacinação contra a febre amarela, no Rio de Janeiro, encampada por Oswaldo Cruz. Alguém disseminou a idéia de que a vacina fazia mal à saúde, jornalistas desinformados compraram a idéia e a população dividiu-se entre os que torciam a favor e os contra a vacinação em massa. Quase houve uma guerra civil por causa disso.

O Brasil torce por seu time, torce que o próximo papa seja brasileiro, torce por sua miss, torce contra o time do cunhado chato, torce a favor e contra a seleção nacional, torce para que chova, torce para que seu candidato seja eleito, enfim, torce e, na maioria das vezes, sem sequer saber exatamente pelo que está torcendo, sem informações. Não que elas não hajam, elas estão nos jornais e revistas, mas o brasileiro lê pouco, por isso torce apenas baseado na reação do apresentador do telejornal. Se o cara faz cara boa, torce-se a favor; se o cara faz muxoxo, torce-se contra.

Quando juntam-se as três coisas, o escapismo, a torcida e a desinformação, acontece o que vemos à profusão hoje em dia. Tanto na vida real quanto na internética. É um tal de ver gente reclamando do povo que não sabe eleger, do povo que merece o que está acontecendo no país, do povo burro, do povo desinformado, do povo isso, do povo aquilo. O povo somos nós, cada um!

Quem vive reclamando do povo, está fazendo justamente o que desejam os donos do poder que engana o mesmo povo, as autoridades que culpam o povo pela desarrumação geral. Quando Guido Mantega vai aos jornais dizer que a culpa do caos aéreo é do povo que está viajando mais porque tem mais dinheiro nas mãos, certamente ele não está falando do mesmo povo que elegeu e reelegeu Lula. Os críticos do povo, aqueles que têm língua solta para xingar o povo pela sua decisão, são os que voam, pela sua própria lógica.

Esses críticos do zé-povim que dizem que Lula foi eleito por conta das bolsas-sociais ou bolsas-esmolas, se preferirem, são os usuários de aviões, os que resolvem passar um final de semana nas praias nordestinas ou um feriadão na Flórida. O beneficiário das bolsas sequer tem dinheiro para pegar um ônibus para visitar o avô doente em Quixeramobim. Ao criticar “o povo” pelas mazelas do desmando e da falta de autoridade, está se fazendo o que desejam as autoridades incompetentes e com rabo preso, está deixando de lado os verdadeiros responsáveis pela crise de segurança, de autoridade, de probidade no exercício das funções públicas, de saúde, de educação, de moradia, de transporte (e aí não falo do transporte aéreo, mas do cotidiano das cidades com ruas esburacadas, mal sinalizadas, sem veículos de transporte de massa...).

Colocar nas costas do povo a responsabilidade por um país caótico é dar salvo-conduto para os incompetentes no poder. Poderia canalizar essas energias desprendidas contra o zé-povim numa ação contra quem toma conta do puteiro.

Vá lá, digamos que o povo, os outros, é que são responsáveis pela eleição dos calhordas todos, Brasil a dentro. Mas não esqueçamos que esses calhordas são governantes de todos e cada um, não governam apenas para o zé-povim. Aliás, talvez esse seja o mais prejudicado. É o zé-povim que usa o sistema público de ensino, é ele que encara as filas da previdência, que mora em casebres na periferia, que encara horas diárias de ônibus para deslocar-se até seu subemprego. Quem o culpa por tudo o faz no conforto de uma cadeira acolchoada, no frescor do ar condicionado, em frente a um computador de última geração.

 

©Maros Pontes

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pipoca geral

As denúncias pipocam diariamente não só contra os membros do governo federal, mas em todas as instâncias do poder público; não só contra membros dos Executivos, mas, também, contra legisladores, juízes, promotores, delegados e promotores; não só contra componentes da esfera oficial, também contra as pseudo Organizações Não Governamentais que não dão um passo sem mamar nas tetas da viúva. Na ciranda de desmandos quem deveria investigar, coibir, fiscalizar e punir também pipoca, no terceiro sentido do termo.

Qualquer vendedor de laranjas em portão de estádio sabe que enquanto as leis forem frouxas e os órgãos fiscalizadores forem inócuos, incompetentes, aparelhados politicamente e covardes a roubalheira continuará. Os responsáveis pela feitura de leis e os responsáveis por fazerem-nas cumprir, porém, fazem de conta que não sabem e arrumam as mais esdrúxulas desculpas para na fazerem direito seu dever.

Somos o país do “deixa pra lá”.

O governador está comprando deputados? Ah, deixa pra lá.

A presidente está colocando incompetentes e ímprobos para gerenciar as estatais? Deixa pra lá.

Copa e Olimpíada estão superfaturadas e as negociatas para desviarem recursos públicos grassam de norte a sul? Deixa pra lá, o importante é que haja circo.

O povo não se manifesta, não vais às ruas, não protesta, não cobra de seus parlamentares? Dá um trabalho... Melhor deixar pra lá.

E aí, quando precisa de uma certidão, um exame médico, um remédio na farmácia do SUS e é mal atendido, deixa pra lá ou reclama na mesa do boteco como se o português do balcão fosse resolver seus problemas. O povo e o português do balcão deixam pra lá.

Deixando pra lá nos transformamos no país da barrigada. Cada um deixa a pança crescer para empurrar para o vizinho as questões que o afligem. O velho escapismo.

Nesse joguinho de empurra, a culpa é sempre do outro.

Se o guarda multa porque se atravessou o sinal vermelho, a culpa é do guarda que estava de tocaia; se o aluno tira nota baixa, a culpa é do professor; se a chuvarada alaga a cidade, a culpa é da prefeitura que não limpa os bueiros entochados do lixo atirado nas ruas pelo seu vizinho, a culpa é dele, você não faz isso; se o político assalta o erário, a culpa também é do vizinho que o elegeu, você só vota nos bons; se seu time joga mal e perde o jogo, a culpa é do juiz...

Na hora de assumir as próprias culpas ou de não cobrar devidamente o cumprimento das leis ou a confecção de leis mais duras contra todas as bandidagens, a culpa é sempre da passividade alheia. Chega a ser engraçado ver os legisladores culparem as leis, como se fossem outros e não eles os eleitos para legislarem.

Nessa pipoca geral a impotência individual nos faz deixar pra lá.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Pensar…Pensar… Pensar… Muito trabalho

massa

Por mais que eu tenha aprendido com Chesterton que não devemos discutir com loucos porque eles sempre têm razão e com a inteligência popular que não se deve dar luz a cego e nem gastar vela com defunto ruim; por mais que eu saiba que o sectarismo é a consubstanciação da burrice e que papagaio velho não aprende palavra nova; que o pior cego é o que não quer ver e que não adianta tapar o sol com peneira; que ideologia política é resultado da somatória de gostos com vivências com orientações de alguma referência intelectual com gostos e necessidades e que isto é um direito sagrado e inalienável do cidadão, não consigo aceitar como pessoas ditas cultas, inteligentes, politizadas e que acham tudo isso de si mesmas caiam na esparrela de aceitar sem questionar as ordens e palavras de ordens dos caciques de qualquer grupelho ou agremiação.

Nem falo dos maconheirinhos da USP ou de qualquer universidade pública, via de regra dos cursos de Ciências Humanas, não que as biológicas e as exatas estejam totalmente isentas. Não falo dos candidatos a cacique que sabem não ter potencial para alçarem maiores voos nas quadrilhas em que são arraia miúda sem cacife para galgarem os próximos degraus e por isso se contentam com as migalhas que caem da mesa do banquete dos cardeais (aqui me permito usar a imagem criada por um poeta esquerdista dos anos 70). Não falo dos jornalistas remunerados por empresas estatais que não esquecem-se de seu passado de estrelas nos meios de comunicação que hoje chamam de golpista, fascistas, retrógrados ou qualquer adjetivo que considerem ofensa e, por terem perdido o status quo de formadores de opinião que tinha em grande escala contentam-se em arregimentar mais esteios para o castelo de areia que vendem como mansões de pedra inquebrável com quartos para todos os seguidores, como fazem os líderes malucos do Oriente com suas setenta virgens e um lugar ao lado direito de Maomé – o pobre profeta nem deve ter braço esquerdo para poder abraçar todos os crédulos inocentes que compraram o paraíso às custas de umas bananas de dinamite. Não falo dos empresários que atestam um atestado de incompetentes para encarar o mercado nos olhos e trocam de cores partidárias de acordo com o as cores do ocupante do trono na esperança de venderem com notas superfaturadas ou não merenda escolar, papel higiênico, cadeiras, computadores ou coberturas de estádios sem licitação, poço se importando que parte desse dinheiro poderia alimentar empresários honestos, além de sobrar muita verba para as necessidades básicas da nação, como pavimentação de ruas, esgotamento sanitário, transporte de qualidade, educação que mereça este título, hospitais que curem de verdade. Não falo dos cabos eleitorais semianalfabetos que dão graças a Deus por terem eleições a cada dois anos e assim ganham uma graninha extra alugando os filhos para entregarem panfletos nas esquinas, sobrinhos para segurarem bandeiras no semáforo ou a Kombi velha para carregar matéria de campanha e eleitores. Não falo dos intelectuais e intelectualóides formados em boas escolas, autores de livros, artigos em jornais e revistas, donos espaços nas televisões onde mostram suas barbas bem traçadas, seus óculos de aro grosso, seus suéteres de lã dos Alpes, seus bonezinhos de golfistas a la anos 50 e seus cachimbos de pau de roseira e fumo cubano e vomitam verdades absolutas e incontestáveis em que até acreditam de fato, mesmo que para isso tenham que distorcer a História e fazer de Cuba um paraíso mais atraente do que aquele das setenta virgens à direita de Maomé. Não falo do pobre feirante que teve pouca ou nenhuma educação, não tem hábito ou dinheiro para comprar jornais e revistas ou paciência para procurar algo além de site de mulher pelada na internet e prefere acreditar no candidato que promete continuar dando bolsa-qualquer-coisa a perder de vista e por isso é um cara porreta e quando aparece sorrindo na televisão falando aquelas coisas incompreensivas mostra o quanto está preparado para mandar na cidade-estado-país-ONU-mundo.

Quer saber? Falo é de todos eles, sim. Mas não por não comungarem das mesmas crenças políticas que eu, mas por não verem os defeitos de seus líderes, capazes de se deixarem usar como tapetes para que seus messias não sujem os sapatos nas ruas sem esgotos que dizem administrar. Por não questionarem as falhas de seus líderes e asseclas, preferindo culpar quem mostra que o rei está nu do que observar a bunda de fora do rei.

 

©Marcos Pontes

domingo, 6 de novembro de 2011

Maconha e cachaça, o ideal revolucionário

usp

Peiar é a ação de prender os pés das galinhas, deixando apenas dez a quinze centímetros entre um pé e outro. Isso impedia que o animal fugisse do terreiro ou caísse no choco, deixando os ovos para o consumo. A galinha peiada ficava com seus movimentos limitados.

Peiado é como vejo o governo a cada invasão de prédios públicos e a peia é o corporativismo entre o próprio governo e os grupelhos invasores.

Não deixo de lembrar a invasão da hidrelétrica de Tucuruí por “sem barragens, em 2007. Naquela ocasião víamos um senhor despreparado brincando com o painel de controle da usina e a conivência tácita do governo federal. Em nome do respeito às minorias e às reivindicações “justas” do “excluídos”, a reintegração de posse deu-se ao bel prazer dos criminosos. Esta prática vem repetindo-se constantemente desde o governo de FHC e é efeito colateral da Constituição-cidadã do Ulysses Guimarães, que encheu de direitos sem cobrar devidamente a contrapartida dos deveres.

Incra, ministérios, repartições públicas e universidades são alvos preferenciais dos insatisfeitos que acham que o país tem que ser governado para si e não para a totalidade da população.

Sou um defensor da desobediência civil contra a extorsão estatal por meio de impostos, taxas e juros, quando ela se dá em prol de todos e não para a defesa de agremiações, partidos, classes específicas ou desordenados improdutivos.

Há poucas semanas um amigo teve sua fazenda invadida por sem-terras. Para ter sua propriedade de volta, teve que gastar mais de nove mil reais com advogados, viagens à capital e combustível e alimentação para a polícia deslocar-se até o local para dar-lhe a reintegração de posse. Os invasores nada arcaram, não serão processados, não têm que ressarcir os custos do proprietário e os prejuízos deixados pela destruição de equipamentos, morte de vacas, derrubada de parte da mata ou pela falta de negócios no período da invasão. Seguindo a legalidade, o cidadão arca com os danos e os bandidos ficam com os bônus.

A invasão da USP vai pelo mesmo caminho. Flagranteados com maconha dentro do campus, alguns baderneiros fantasiados de estudantes geraram o confronto e pedem o fim do convênio da universidade com a Polícia Militar.

Este convênio deu-se para inibir os numerosos casos de assaltos, furtos e estupros que aconteciam na área do campus, depois de assembléia de estudantes, professores e funcionários. Foi uma medida acatada pela maioria. Tudo ia bem até que a polícia fez uso da legislação e prendeu os financiadores do tráfico.

Feita nova assembléia, a maioria decidiu pela manutenção do convênio, mas a massa desocupada, numa demonstração de que democracia, para eles, é imporem suas vontades, preferiu pela manutenção da invasão e ainda colocam faixas zombando da declaração do governador Alkimin que disse que “ninguém está acima da lei” e completam “só os políticos ladrões”. É o velho relativismo. Justificam sua ilegalidade com a sentença tácita “se eles podem desobedecer as leis roubando, nós podemos também, invadindo propriedade pública”. Já diziam os antigos, “quem quer ser respeitado, dê-se o respeito”.

Se se acham com a razão, por que cobrem os rostos com máscaras e camisetas, à moda dos marginais que tomam conta das bocas de fumo onde se abastecem? Se se dizem democratas – ou não se dizem? -, por que não seguem a decisão da maioria e assumem a condição humilde de voto vencido, mas respeitador da vontade de seus pares? Se são defensores da liberdade, por que tentam coibir fotos e filmagens da imprensa? Se são estudantes, por que não se dedicam ao ofício de estudar ao invés de comportarem-se apenas como alunos? E pelas fotos vêem-se alunos à beira dos quarenta, cabelos grisalhos, no meio dos recém saídos da adolescência na comprovação de que a infiltração de estudantes profissionais dá-se, como sempre deu-se, nos movimentos estudantis.

A UNE também está peiada pelos milhões que recebem anualmente pelo governo. E para onde vão esses milhões? O que de concreto é feito com a fortuna dada a fundo perdido para a entidade político-ideológica-estudantil? Difícil acreditar que toda a dinheirama foi gasta nas pizzas, camisinhas, cervejas e maconha consumidas na festa de Baco em que se transformou esta ocupação sem pé nem cabeça.

Os governos têm que superar seu medo de confundir autoridade com autoritarismo. Sua autoridade é dada pelo povo e para ele devem governar, não para uma meia dúzia de hippies de cartão de crédito que usam roupas de grife – o Reinaldo Azevedo acertou na mosca ao chmá-los de hippies de Ray Ban e Gap – e maconha paraguaia, além do ecstasy holandês e sabe-se lá que outros “artigos” importados.

Os governos precisam de coragem para romper as peias que essa minoria sem classe e sem causa lhes colocam em nome de uma falsa liberdade de expressão.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Governo é ingrato com a mídia

imprensa

Os partidários da presidente, do PT e do ex-presidente – curiosamente três conjuntos que têm alguma intersecção entre si, mas não são a mesma coisa – estão perdendo uma grande oportunidade de mudarem o discurso e, ao invés de agredir a pequena parte da imprensa que desvenda os currais de corrupção nos ministérios e no Congresso, deveria agradecê-la.

Dilma, que tem o desejo tácito para ouvidos comuns, mas gritantes para quem conhece a mentalidade esquerdista, vem tentando desvincular sua imagem da de Lula por ver nele seu maior adversário nas próximas eleições e a imprensa tem-lhe ajudado nessa missão.

Ao contrário da massa acéfala que apóia o governo de olhos fechados, a própria Dilma não tem feito acusações contra a imprensa, pelo contrário. Não perde a oportunidade de defender a liberdade de imprensa, ao contrário do seu antecessor que, a qualquer denúncia, coloca os acusados sob suas asas e prega uma mordaça nos veículos de comunicação.

Menos tolerante que Lula ela já demonstrou que é, quando se torna de acusações contra seus assessores. Dos seis ministros que já demitiu, perdeu tempo mais do que necessário com Palocci e Orlando Silva, mas não deixou de defenestrá-los, sinal de que concorda com o que diz a mídia, acusados têm que ser afastados pelo menos até que as investigações sejam concluídas, mesmo que essas os absolva. Se ela viesse a público e agradecesse, humildemente, a contribuição que as revistas e jornais têm-lhe dado para afastar-se dos ímprobos, ganharia a simpatia dessa mesma imprensa e a população a apoiaria mais facilmente na pseudo-faxina. O lado ruim seria ter que suportar as caras feias daqueles que fazem vistas grossas para os roubos dos companheiros, mas, em sendo ela firma, sentir-se-iam obrigados a descartar os bandidos, pelo menos pró-forma, e assumirem abertamente a luta contra a corrupção.

A base de apoio ganharia por ganhar identidade própria e independente de Lula, dos acusados e dos esquemas de rapinagem incontáveis na máquina pública. Sua imagem ficaria mais limpa diante da opinião pública evitando um pouco o desgaste que os políticos sofrem dia após dia diante do julgamento popular. Dariam a impressão de que não estão do lado de Lula, de Dilma ou dos companheiros flagrados com a mão na cumbuca e passariam por bons moços que não coadunam com a ladroagem. Mesmo a população sabendo que seria apenas teatrinho, sairiam melhor na foto do que a imagem atual de cúmplices dos bandidos da república.

Lula e seu grupo de cama, mesa e banho – Dirceu, Berzoini, Vaccarezza, Mercadante, Grenhalgh... – também ganhariam se deixassem de brigar com Veja e companhia se vestissem uma máscara de humildade a agradecessem pela ajuda na limpeza de Brasília. A imprensa sentir-se-ia reconhecida e talvez até lhe desse uma trégua, a população que lhe dá votos veria a humildade e raivosa iria às ruas junta à parte que não lhe suporta pedir mais limpeza, moralidade, ética, probidade na administração da coisa pública.

Esperar atitude assim de Lula e sua gang é querer muito. Primeiro, porque humildade não consta em seu vocabulário; segundo, correria o risco de ter uma rebelião dos bandidos unidos a quem sempre deu cobertura e que sentir-se-iam traídos pelo capo de tutti capi; terceiro, estaria abrindo as portas para a imprensa, à vontade, desmascarar suas próprias atividades ilícitas, seu enriquecimento inexplicável, suas cinco aposentadorias, seus negócios escusos com capitães de empresas na época em que vendia os companheiros sindicalistas para amealhar prestígio e dinheiro; quarto, corria o risco de algum atual cúmplice, num descarrego de consciência ou para desabafar por alguma falcatrua não apoiada pelo chefe, abrir o verbo e entregar para algum jornal ou revista algum esquema ainda encoberto pelo tapete da impunidade e a desfaçatez da impunidade. Mas, ainda assim, teria do seu lado esta massa que hoje o apóia em tudo o que faz, por mais desonesto que seja e arrumaria uma briga particular, podendo até sair, mais uma vez, como o messias vermelho que salvará o Brasil e o mundo da miséria. Se não de fato, pela menos na propaganda, ofício o qual ele é PhD honoris causa.

A ingratidão da esquerda para com a imprensa apenas ajuda a ferver o caldeirão em que se transformou o país cindido por ela mesma, a esquerda, sob a batuta de Lula e seus luas pardas gramscinianos.

 

©Marcos Pontes

domingo, 30 de outubro de 2011

Câncer marqueteiro

lulafumando

Na mesma semana cai o ministro dos esportes e é sujeito de investigação; o governador comunista do Governo Federal amarga o ressurgimento de denúncias de improbidade tanto no mesmo Ministério do Esporte, quanto na governança do DF; alunos (estudantes são aqueles que estudam) da USP invadem o campus e pedem o fim do convênio com a Polícia Militar, já esquecidos que votaram a favor desse convênio quando eram vítimas de assaltos e estupros, criam uma quizumba e só faltam declarar em nota oficial que com a PM por perto não podem fumar maconha, embriagar-se com dinheiro da UNE e vandalizar o campus impunemente; o novo ministro dos esportes diz que não mais fará convênios com ONG, gerando chiadeira entre os amigos esquerdistas; é divulgado o número de mortes por meningite na Bahia em 2011, 59 até o momento, mas o governador, por economia, irresponsabilidade ou economia nega-se a admitir que há um surto da doença; STF manteve a legalidade do exame da Ordem dos Advogados do Brasil, para o desgosto do PT, que queria sua eliminação; Fiesp divulga estudo que aponta mais de R$ 82 bilhões desviados do erário pela corrupção a cada ano; surgem mais denúncias e comprovações de que centenas de Organizações Não Governamentais vivem penduradas no governo e com os repasses de verbas públicas sobrevivem, embora boa parte não entrega o produto que vendem...

Enfim, não foi uma semana boa para o governo e sua base de sustentação política (um ninho de rato que se precisa de um punhado de paciência para levantar quantos dos 38 partidos a compõem). Mas nem tudo está perdido para eles.

Sem querer fazer pouco da doença que se instalou no ex-presidente, por respeito ao ser humano e a todos aqueles milhares que sofrem do mesmo mal e que nada têm a ver com a falta de caráter do mesmo, o câncer não é de todo uma má notícia para o PT e seu governo.

Também sem querer lançar maus agouros sobre Lula, desde antes de Odorico Paraguaçu sabe-se que um moto dá muitos votos. Ao que tudo indica o câncer de Lula será controlado com algum esforço, muito dinheiro e a melhor equipe multidisciplinar que um doente desse mal possa contar no Brasil.

Clériston Andrade não venceria a eleição para governador, em 1982, ano em que o MDB ganhou de cabo a rabo em todo o país. Sua morte num acidente de helicóptero duas semanas antes do pleito fez ACM lançar João Durval. Em cima do cadáver, contando com a comoção popular, Durval elegeu-se.

Che Guevara virou santo para os esquerdistas que não acreditam em Deus somente depois de sua morte. Antes disso, era apenas o galã dos revolucionários, o Todo poderoso era Fidel que aproveitou a morte do ex-companheiro em suas propagandas para conquistar a simpatia dos cubanos que ainda não haviam sucumbido a seu charme ou morrido nos paredões. Sarney conquistou a simpatia popular depois da morte de Tancredo, antes disso era apenas mais um ponto na costura que a esquerda fizera com os partidos de apoio aos militares. Morto Tancredo parte das viúvas da direita tentaram impedir o vice de assumir, daí vieram Ulysses, Teotônio, Saturnino e outros caciques usando a imagem simpática de Tancredo para conquistarem a simpatia popular para aquele que seria o pior presidente que o período pós ditadura já tivera até os dias de hoje. A própria Dilma teve muita ajuda de seu câncer, conquistando a piedade de muitas mulheres, algumas das quais conheci. Antes de terem medo de que a presidente morresse da doença, simpatizavam com sua condição de lutadora contra o câncer ao mesmo tempo que enfrentava a batalha eleitoral.

Lula acertou ao tornar público seu mal, mesmo que sem querer, mas não o fez por grandeza de caráter ou amor à transparência, muito pelo contrário. O fez por vaidade. Aliás, a vaidade é tão grande que, segundo narram os jornalistas oficiais, perguntou aos médicos se ficaria careca. Difícil imaginar alguém que recebe a notícia de que contraiu a pior das doenças preocupe-se com suas madeixas antes de preocupar-se com sua vida, mas... Mais tarde pediu que os médicos divulguem sempre para a imprensa o passo-a-passo de seu tratamento. Auto-marqueteiro imbatível, Lula faz do mal um aliado. Não sairá do noticiário e ainda arrebanhará condoídos.

Há alguns meses, na inauguração de um hospital, disse que dava até vontade de adoecer para internar-se ali. A oportunidade foi-lhe dada, porém, bem ao seu feitio, não cumpriu a palavra e recorreu ao milionário e capitalista Sírio e Libanês, cheio de loiros de olhos azuis, a mesma etnia que um dia ele destratou como sendo os responsáveis pelas mazelas do mundo.

Ainda há brasileiros com memória e estes lembraram desse episódio e daquele outro em que ele afirmara que a saúde pública brasileira beirava a perfeição e estes, eu entre eles, passaram a se perguntar, se é assim, por que ele não seguiu os exemplos de Tancredo e Covas, homens públicos com doenças fatais, que foram atendidos por hospitais públicos até seus últimos dias?

A melhor de todas as respostas, veio com uma pergunta de um de seus muitos defensores nas redes sociais: “"Por que Lula tem que se tratar no SUS se tem dinheiro para pagar hospital particular?". Ora, primeiro porque no Instituto do Câncer ele estaria testemunhando em favor do sistema público de saúde; segundo porque todos sabemos que quem pagará a conta de um dos mais caros hospitais do país não será ele, mas o erário, a fundo perdido; terceiro, para ser coerente com seu discurso populista que reclama que somente as elites têm acesso a tratamentos de excelência e ele não é elite, é “povão”; quarto, por posicionamento ideológico, embora todos saibamos que Lula não tem ideologia política, apenas interesses pessoais e corporativos. Ao pregar a presença máxima do estado e sendo seu tratamento bancado com dinheiro público, nada mais justo que seja realizado no sistema público.

Repito, não desejo a morte de Lula ou de qualquer outra pessoa, embora seja a favor da pena de morte para praticantes de alguns crimes, e em seu caso particular porque sou o mais otimista dos pessimistas e ainda tenho a esperança de vê-lo e a seus asseclas no banco de réus por conta dos muitos crimes que cometeu ou com os quais foi ou é cúmplice.

©Marcos Pontes

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ENEM: Muita gente para um segredo

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O INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, a mega-autarquia responsável pelo gerenciamento da Educação nacional, diretamente ligada ao MEC, é uma daquelas boas idéias que tornam-se monstros diante má gestão e da megalomania vermelha.

Entre as incontáveis missões do INEP, está a elaboração, distribuição, correção e divulgação dos resultados das avaliações dos ensinos básico, médio e superior em todo o país. Atualmente é presidido por Malvina Tania Tuttman, uma pedagoga, ex-reitora da UFRJ, que tem entre suas especializações Planejamento e Avaliação Educacional, especialmente em flexibilização curricular (o que para mim já é uma temeridade, mas é conversa para outra hora). Não vou entrar no currículo escolar da senhora Malvina,sobre seu histórico acadêmico dou a palavra ao Reinaldo Azevedo, que sabe bem mais. Num artigo, porém, ela mostra o que acha da inclusão na universidade pública, clara análise esquerdista.

Voltando ao INEP e às avaliações.

Recriado por decreto presidencial de 2007, o INEP surgiu com atribuições centralizadoras e com tendência de unificar o ensino em todo o país, contrariando, inclusive, princípios determinados por educadores esquerdistas históricos como Paulo Freire e Pedro Casaldáliga, que defendiam a regionalização do ensino, dadas as enormes diferenças culturais. Dom Casaldáliga, citava o já clássico exemplo das cartilhas que ensinavam a criança a ler com frases como “vovô viu a uva”, que ele rebatia, “como falar de uva para uma criança de Marabá que jamais viu uma uva na vida?”.

A nova autarquia não se resumia a unificar a educação, mas a cavucar todos os cantinhos da educação nacional e até teve momentos interessantes, como quando criou o piso salarial nacional para professores, embora ainda desrespeitado em incontáveis municípios Brasil a dentro.

As avaliações nacionais de qualidade do ensino foram instaurados pelo ministro Paulo Renato, no segundo mandato de FHC. A princípio, bem ao feitio democratista tucano, estas avaliações, principalmente ENEM e o hoje chamado SINAES, popularmente chamado Provão do Ensino Superior, eram facultativos. Nos primeiros anos aconteceram até boicotes em massa em diversas universidades públicas, principalmente nas faculdades de Ciências humanas, sabidamente o braço mais forte das universidades federais. Seguia o caminho da CPMF, que foi entrando devagarzinho, 0,18% das transações bancárias e terminou comendo 0,38% dessas transações.

Contou-me o reitor de uma universidade federal, em maio deste ano, que adotar o ENEM como critério de seleção é facultativo para as universidades federais, mas apenas pró-forma. De fato, há uma ameaça por parte do MEC: as universidades que não adotarem o ENEM terão suas verbas reduzidas. Outra característica da democracia esquerdista: você é livre para fazer o que quiser, desde que eu também queira.

As avaliações qualitativas trazidas por Paulo Renato eram inspiradas nas avaliações que acontecem nos Estados Unidos, França e Inglaterra há décadas, mas logo foi devidamente abrasileirada. No país em que bandidos são soltos porque não há presídios para todos, as penas são amenizadas pelos mesmos motivos e assassinos menores de idade são apenas menores infratores; em que não se consegue inibir o tráfico de drogas, por isso estuda sua descriminalização; em que uma senadora chefe de uma família sabidamente desagregada resolve acabar com as comemorações dos dias das mães e dos pais nas escolas; em que foi criado um ministério da desburocratização que foi extinguido antes de extinguir a excessiva burocracia; em que, mesmo após morrerem 93 pessoas de meningite num estado, por falta de vacinas e vontade de comprá-las o governo teima em ignorar que haja um surto da doença, a baixa qualidade do ensino detectada pelas provas nacionais – ENEM, ENCCEJA, SAEB, Prova Brasil e SINAES -. Preferível baixar o nível dessas avaliações do que elevar a qualidade do ensino.

Eis a idéia que era boa e tornou-se um monstro.

Todas as universidades federais têm uma Comissão Permanente do Vestibular, responsável pela elaboração das provas e todo o processo seletivo. O INEP abriu a essas Comissões a possibilidade de participarem da elaboração das provas. Ainda há uma consultoria do IMETRO, que participa desde a elaboração das questões à impressão, ao preço de R$ 167.216,80, em 2011. Mesmo com a Casa da Moeda, cercada de toda a segurança que um edifício pode ter, e a gráfica de melhor qualidade do país, ou mesmo o parque gráfico de grandes universidades, como UnB, USP ou UFRJ, as provas do ENEM são impressas pela Gráfica RRDonelley, uma empresa privada com sede no Rio de Janeiro. Mais coisa: dentro do INEP há uma senhora chamada Gisele Gama, consultora da autarquia e da Abaquar Editores Associados, uma escola de cursos on-line. É muita gente para guardar um segredo.

É comum professores pegarem questões em livros, apostilas e vestibulares, ENEM, olimpíadas de matemática etc. para elaborarem suas provas, mas parece que o processo está se invertendo. Mesmo saltando de R$ 145, 1 milhões, em 2009, para R$ 238,5 milhões este ano os custos do ENEM, saltando de R$ 39,00/aluno, para R$ 45,00/aluno e contando com toda essa maquinaria estatal e pública por trás, ao que parece os elaboradores das provas piratearam questões elaboradas pelo Colégio Christus, de Fortaleza, e furtaram 14 questões. O noticiário e o ministro inepto tentam inverter as coisas, dando a entender que o Colégio foi quem adiantou as questões, mas, ao que consta, as ditas questões estavam em simulados do ano passado que o colégio ministrou aos seus alunos. Estamos pagando muito para toda essa multidão aproveitar-se do trabalho de professores de um colégio, como se fossem os profissionais fortalezenses os bandidos desse novo capítulo do livro de inoperância, desonestidade e despreparo do atual ministros, seus assessores, seus consultores e quem mais estiver envolvido no processo.

 

©Marcos Pontes

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Senhor Senador! / Senhora Senadora! Senhor Deputado! / Senhora Deputada!

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Todos os Senhores e Senhoras, os de boa fé, estão sendo enganados pela PETROBRAS e pelos seus geólogos com “A FARSA DO PRÉ-SAL BRASILEIRO”, e afirmo isso enquanto ex-geólogo de petróleo, que por cerca de 20 anos, trabalhou na Empresa na Bacia Sedimentar de Sergipe e de Alagoas, a mais completa das bacias brasileiras em termos de registros sedimentares, uma verdadeira bacia escola.

Em 1989, através de um relatório técnico afirmei que na parte terrestre da Bacia de Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco e da Paraíba (Exploração Petrolífera SEAL e PEPB) não havia mais petróleo novo por descobrir e isso me custou a primeira demissão da Petrobras. Infelizmente eu estava certo. Nenhuma descoberta ocorreu mais na Bacia de Sergipe e de Alagoas, na parte terrestre, em que pese todo o aparato tecnológico empregado na sua exploração, desde então.

Denunciei em 2005 ao MPF/SE e pedi providências contra o caixa2 na construção da plataforma de casco redondo para o Campo de Piranema, um projeto com contrato de aluguel por 11 anos da plataforma de casco redondo, a primeira do mundo, ao custo de U$ 1 bilhão de dólares. Mostrei a farsa, mas o Gerente Geral da Petrobras em Sergipe Geólogo Eugênio Dezen apresentou um relatório elaborado pela empresa de consultoria DeGOLEYR and MacNAUGHTON atestando a economicidade do Campo de Piranema, tendo solicitado ao MPF/SE para que eu não tivesse acesso ao mesmo, o que de fato aconteceu, ou seja, o MPF/SE não permitiu que a parte denunciante envolvida tivesse acesso a documentação, o que torna o caso mais suspeito ainda, porque tal decisão fere frontalmente a CF/88. O que levou então o MPF/SE a cometer essa ilegalidade? (Lula e Déda inauguram Piranema e O custo do fracasso de Piranema) Infelizmente eu estava certo novamente (Os projetos da Petrobras para Sergipe)

Levei também ao conhecimento dos Senhores e Senhoras, quando do anúncio da descoberta do Pré-Sal (Pré-sal: farsa ou propaganda enganosa?), que se tratava de propagando enganosa do governo federal e nenhum dos Senhores e Senhoras se dignou em pedir explicações justificadas, com exemplos reais, sobre os meus questionamentos a PETROBRAS ou a qualquer dos milhares de assessores parlamentares, os quais continuam válidos, e que sem explicações fundamentadas fica evidenciada a farsa.

A CPI da PETROBRAS poderia ter esclarecido este estelionato eleitoral, mas a maioria dos Senhores e das Senhoras preferiu calar e trair o País. Agora, ridícula e irresponsavelmente travam uma infrutífera guerra pelos royalties de um volume de petróleo inexistente no Pré-Sal, quando o País clama desesperadamente por socorro na saúde, na educação, na segurança, na... E em todas as áreas, dos 40 ministérios, cada um deles envolvido mais que outro em atos eivados de ilegalidades contra a administração pública e contra o cidadão, alguns com casos explícitos de corrupção generalizada.

Todos os questionamentos, principalmente sobre os valores utilizados como parâmetros nas simulações dos volumes descobertos, podem ser vistos novamente em: As descobertas da PETROBRAS no pré-sal brasileiro e A confusão com a terminologia da PETROBRAS para os volumes do pré-sal

Para encerrar, alguns deles que PETROBRAS também não sabe explicar:

“Teoria Orgânica” versus “Teoria Inorgânica” para a origem do petróleo do Pré-Sal:

a) Origem orgânica:

Petróleo é marinho ou continental? Onde está a rocha geradora do petróleo? A rocha geradora está em contato com a rocha reservatório? O volume de rocha geradora é compatível com o volume de óleo descoberto, segundo a PETROBRAS? Se a rocha geradora não está em contato com a rocha reservatório, o petróleo migrou de onde e por onde? Através de falhas geológicas?

b) Origem inorgânica:

Onde e quando foi gerado, quando e por onde migrou para a rocha reservatório? Através de falhas geológicas?

Portanto, se a migração foi por falhas então as rochas reservatórios não tem essa tão propalada continuidade, fato esse corroborado pelos poços secos perfurados, o que diminui sensivelmente a área em extensão dos reservatórios e armadilhas e, consequentemente, o possível volume de petróleo descoberto.

Em síntese, o problema é que a PETROBRAS não consegue se explicar geologicamente quanto ao volume de petróleo descoberto e anunciado com estardalhaço pelo governo federal, volume esse totalmente questionável, tanto pela “Teoria Orgânica para a Origem do Petróleo” (com a qual a PETROBRAS trabalha e para isso montou um dos maiores laboratórios de geoquímica do petróleo do mundo) quanto pela “Teoria Inorgânica”.

Desejo todos os Senhores e Senhoras que vivam o suficiente para verificarem que infelizmente mais uma vez estarei certo, no caso da FARSA do PRÉ-SAL. Pobre BRASIL!

Atenciosamente.

 

E-mail enviado pelo geólogo e amigo @ivomarcelino enviado aos deputados federais e gentilmente cedido a este blog. Aprendamos com quem sabe.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Quem quer um pai?

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A grita é geral, de um lado quem quer mudanças, de outro quem quer que as coisas continuem como está para não perder as boquinhas e tetas, alguns outros desejam mudanças justamente por não terem lhes restado boquinhas e tetas por não beijarem as mãos certas, não terem capacidade para a aprovação num concurso público ou porque o padrinho político não cumpriu a promessa de arrumar uma colocação em alguma repartição... Nem adianta nos fazermos de desavisados, ofendidos ou ufanista de que nosso povo é bom, honesto e esforçado.

Não haverão mudanças enquanto mantivermos a cultura da “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Somos viciados nisso desde os tempos de Cabral.

Colocaram em nossas cabeças que o Estado deve resolver todos os problemas. Como os problemas vão se avolumando de era para era, mais empurramos para o Estado a resolução de todas as mazelas da vida na vida de cada um.

Autoridade virou “excelência” por vontade e imposição delas mesmas. Como simples mortais e pobres cidadãos ousam querer tratamento igual aos próceres da sociedade, aos abnegados que gerenciam nossas vidas, dando-nos saúde, educação, alimentação, transporte e moradia sem que tenhamos que fazer mais do que depositar parte de nossos vencimentos na conta dos governos? Ou melhor, dos governos. Prefeito, governador e presidente, vereadores, deputados estaduais e deputados federais, senadores, ministros, secretários e seus assessores trabalham diuturnamente em nosso favor. É natural que sejam tratados com deferência e genuflexão pela ingrata multidão ignara.

E nós acatamos.

Assim fomos educados por saeculum, seculorum, amém.

Nos viciaram em esperar tudo do Estado e por ser o estado o todo poderoso que põe pão na mesa de uns e circo na vida de todos, surgiu a aspiração de subir no picadeiro. Via de regra, qual é o emprego aspirado pela maioria dos brasileiros? Resposta evidente: passar num concurso público, seja qual for, e passar a ser uma insubstituível peça na engrenagem estatal, só sendo trocada quando rachar em serviço, por estafa ou mau funcionamento comprovadamente danoso à máquina, ou por aposentadoria.

Se não entrar pelas portas nobres do meritocrático concurso, que o seja pela janela dos cargos comissionados ou pela votação, o que importa é estar junto daqueles que decidem em nome de todos e aos que não estão na engrenagem, oleada ou areada, como está hoje, que receba as migalhas que suas excelências resolverem dar como “cala a boca”.

Mas ainda há uma esperança, caso não seja capaz de aprovação por concurso, não tenha apadrinhamento político ou seja ruim de voto: as bolsas.

Para manter-se como o paladino, ou Hobin Hood envergando colarinho branco, os governantes premiam os incompetentes, os alijados da ascensão social pela educação, os criminosos com filho menor, em nome da justiça social, com bolsas sem contrapartida, com dinheiro a fundo perdido.

É justo um engenheiro receber ajuda estatal por cinco meses, em caso de demissão? Sim, claro. Cinco meses são tempo suficiente, na atual fase risonha da economia, para o capacitado profissional conseguir nova fonte de renda. Mas é justo um presidiário receber ajuda financeira pelo tempo em que ficar detido? Pior, uma quantia maior do que a de muitos profissionais graduados?

Ah, diriam os defensores da bolsa-cadeia, mas sua família, mulher e filhos, ficarão desassistidos? O que farão eles, roubarão também para poder viver? Ora, quem não conhece um pobre analfabeto que ganha a vida entregando jornais, engraxando sapatos, carregando estivas, lavando roupas, fazendo faxina, capinando quintais, lavando carros, misturando cimento...? Desde quando trabalhar para viver é castigo enquanto esmolar é virtude? É justo que todas as potenciais vítimas de um latrocida, a sociedade, paguem pelo bem estar de sua família?

Permitir a entrada de mais pobres à universidade público é justiça social? Claro que é, pobres devem ter as mesmas oportunidades que os ricos. Mas é justo tirar a vaga de um adolescente que contou com investimentos, muitas vezes à base de sacrifícios, de seus pais por toda uma vida só pelo fato de não ter estudado numa das arruinadas escolas públicas de ensino básico? Como esperar que um cidadão que tem seus direitos à igualdade assegurado por um estado que discrimina quem tem mais méritos seja justo com as gerações seguintes?

É saudável imaginar que discriminar concidadãos é educar as novas gerações para um futuro justo?

Pagaremos caro pela manutenção dessa mentalidade que o estado tem o direito de resolver nossas vidas à nossa revelia. O futuro nos condenará a mais anos de atraso, a curto prazo, por criarmos cidadãos em classes diferentes, “castas democráticas”. Nos arrependeremos amargamente, dia após dia, por não nos permitirmos mudar essa prática passiva de bom cabrito que não berra.

©Marcos Pontes

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Propaganda

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Certas coisas não têm cura, entre elas a tendência pública de seguir as sugestões da melhor propaganda e entenda-se por melhor a que melhor se coaduna com seus princípios, do espectador, e por propaganda mais do que os “reclames”, como chamavam os anúncios publicitários as gerações do tempo da tv em preto-e-branco.

Alguns sujeitos mais observadores, curiosos e conhecedores das reações humanas, perceberam isso há décadas e utilizam-se desse conhecimento para transformarem em prática a teoria de que quem detém o conhecimento, tem o poder. Para solidificarem esse poder, trabalharam e trabalham na construção do pensamento único, preferencialmente um pensamento criado por eles, para isso produzem as melhores e mais persistentes propagandas. Já que no subconsciente coletivo, propaganda é reclame, façamos a analogia: Quem não chama palha de aço de Bom-bril? Quem, com mais de trinta anos,, não lembra do “primeiro sutiã”, mesmo que não lembre que a propaganda era de Valisère? E do menininho da Sadia que reclamava “ta querendo me enganar, é?”? A boa propaganda, pela análise de quem a produz, é aquela que fixa-se no subconsciente de seu público alvo como se colada com cola capeta, o nome popular de Super Bonder, lembra?

Falei em algumas décadas apenas para fixar a atenção para a era contemporânea, mas a importância da propaganda como forma de conquistar apoio popular vem de desde antes de Cristo. As pirâmides, o Farol de Alexandria, o Colosso de Rodes eram propagandas, formas dos poderosos da época mostrarem, através da opulência, a criatividade, o arrojo, a ciência, o poder científico e militar que seus reinos tinham e uma forma de inibir os potenciais invasores. Era uma forma de criar em seu povo o velho e cegante ufanismo. Mesmo sendo explorado econômica e fisicamente, o populacho sentia-se orgulhoso pelas riquezas de seus países e isso só acabava, e acabaram em todos os casos citados acima e mais tantos outros, depois que deu o estalo num sabidão que percebeu que a propaganda era sempre acompanhada de demagogia, mentiras tomadas como verdade e espalhadas como tal pelos aspones e o pelegos da época.

Os aspones de hoje são os assessores de imprensa; os arautos oficiosos são os jornalistas que não fazem notícias, apenas reproduzem os releases espalhados pelos aspones; o populacho, continua o mesmo: crédulo, mal informado, ufanista, carente de atenção, de líderes e de amor-próprio.

Na era moderna a propaganda fez da dupla assassina Che e Fidel heróis universais, o pedófilo Gandhi um quase Deus, Getúlio o Pai dos Pobres, Lula a reencarnação de Getúlio com genes de Juscelino, Padre Cícero e Anjo Gabriel e do PT o paladino da justiça e defensor da moralidade e da ética.

Dante, Maquiavel, Sartre, Bouvoir, Platão, Robes, Santo Agostinho, Lord Bacon, Heidegger... Não são poucos os que tentaram decifrar as influências a que se sujeitam os bichinhos humanos e o que os leva a acatarem esta idéia e rejeitarem aquela. Simplista, dou meu pitaco: o homem se deixa levar pela melhor roupagem e esta é subjetiva. Mas, como dizem os filósofos populares, como cu e gosto cada um tem o seu, a melhor roupa para uns não é a melhor para outra e isto também os propagandistas contemporâneos já descobriram e a missão tornou-se outra: unificar os gostos.

É aí que entra a submarina política internacional do politicamente correto. Todos, absolutamente todos, temos que bater palmas para o movimento Occupy, achar lindas as manifestações artísticas mesmo quando não entendemos lhufas do que está sendo mostrado, é inaceitável falar mal da esquerda e quase um crime admitir-se de direita ou conservador, há de se apedrejar as velhas instituições como igreja, família, escola, forças armadas.... Chamar alguém de preto é ofensa, como se a expressão novilinguística afrodescendente mudasse sua cor de pele; homossexual é um terminologia fora de moda e discriminatória, hoje o correto é falar em homoafetividade, como se o homoafetivo não fosse um viado ou uma lésbica, curto e grosso como diriam os velhos a quem respeito pelo que me ensino e não discriminam por serem velhos. Ah, velho não é mais velho, é um componente da melhor idade, como se artrite, males de Alzeheimer e Parkinson fossem melhor do que a saúde da juventude.

Só duas coisas podem evitar essa massificação de gostos, idéias e idolatrias: 1. A análise do que se lê, ouve e vê. Coisa para poucos, mas adquirida pela leitura e pela educação não ideológica, mas a de conteúdo histórico e científico; 2. O cu, ou gosto, que cada um tem diferente dos outros. Isto, sim, a verdadeira diversidade, não essa coisinha restrita aos discursos “progressistas” mais preconceituosos do que os pseudo-preconceitos que eles veem nos outros.

©Marcos Pontes